quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Biografia de Joaquim Pinto Ascensão - 1ª Parte


Joaquim Pinto Ascensão (Joaquim “Faztudo”)
A história de uma vida com histórias…


Nasceu em 11 de Outubro 1895, ainda durante a vigência da Monarquia, e assistiu à Implantação da República.
Cumpriu o Serviço Militar e já depois de ter cumprido todo o tempo, foi novamente chamado para o Serviço Militar para ir combater para França, na 1ª Grande Guerra Mundial.
Já com dois filhos, que viriam a falecer, com todos os problemas inerentes à sua condição de pai, lá foi ele integrado no contingente português mobilizado para combater em França.
Aí, longe dos filhos e da esposa, viveu inúmeras histórias que preencheriam, mais tarde, os imaginários dos seus filhos e de alguns netos.
Eram tempos muito difíceis!...
Para se perceber o quanto, basta dizer que, desde a Implantação da República, em 1910, até 1928, altura em que Salazar tomou conta da Pasta das Finanças, só em 1913, com Afonso Costa, Portugal teve um Orçamento de Estado equilibrado. Todos os outros foram deficitários.
Não são, portanto, de estranhar as dificuldades de sobrevivência para as crianças de tenra idade.
A fome, as epidemias, como a do tifo que dizimou Loriga, eram frequentemente referidas pelo “Ti Jaquim Faztudo”, quando fazia a retrospectiva da sua vida atribulada nesses tempos difíceis.
Da Guerra tinha imensas recordações. Nem todas boas. Mas… apesar de tantas atribulações, este homem, não praguejava, raramente se irritava e a todos aconselhava paciência e tolerância.
Paradigma deste comportamento, são os episódios que repetidas vezes ocorriam, quando alguma das suas filhas, principalmente a Emília, mas também a Laurinda, comentavam algumas atitudes mais ríspidas dos seus maridos, ele retorquia: - Ó filha, tem paciência! Ele não é mau, é bruto!
Da Guerra, contava os episódios que mais o marcaram.
Um dia, algures em França, o local onde se encontravam começou a ser atacado. Para além dos habituais bombardeamentos com gazes tóxicos, que punham as populações em debandada, nesse dia houve também uma investida da infantaria alemã.
Da farda, fazia parte um capacete a que chamavam “franquelete”. - Foi o franquelete que me salvou a vida. Contava.
Quando começou o ataque soaram as sirenes e um homem com uma bandeira na mão corria no meio da multidão em fuga gritando: - Salve-se quem puder!
- Ao meu lado corriam duas mulheres. Entretanto uma bala atingiu o meu capacete:
O franquelete saltou da minha cabeça com o impacto da bala. Corri ainda mais para fugir da confusão. As mulheres que corriam ao meu lado, nunca mais as vi. Acho que ficaram soterradas nos escombros das paredes que desmorionavam.
A morte rondava muito perto de mim. Mas… não tinha chegado ainda a minha hora!
O Franquelete salvou-me a vida!...

Continua...

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