Maria Emília Florêncio Pinto - 10 de Abril de 1935 / 07 de Agosto de 1981
Foi a 10 de Abril de 1935. Nascia a última filha de Joaquim Pinto Assunção e Amélia de Jesus Florêncio.
A Maria Emília Florêncio Pinto, completaria hoje 75 anos.
Mulher de fibra, inteligente, trabalhadora, de enorme sensibilidade e tolerância, era o pilar da minha família.
Sendo o meu pai uma pessoa mais rude, ela equilibrava, com o seu afecto e compreensão, os momentos de conflito que os filhos , como é normal, tinham com ele.
Nunca o desautorizou, mas compensava-nos com a sua ternura e sensibilidade, nunca deixando, no entanto de nos repreender.
Pertencendo a uma família numerosa, nunca deixou de receber todos da melhor maneira que podia e sabia.
Lembro-me de ouvir aos meus primos que na altura viviam em Sacavém:
- A tia Maria Emília deve ter um segredo qualquer, porque mesmo chegando de surpresa, ela arranja almoço ou jantar para dez ou quinze em três tempos.
Era uma mulher de uma enorme simpatia e eficiência. Todos os sobrinhos a adoravam!
Habituei-me, desde pequeno, a uma casa cheia de primos, pois ela atraía a todos com a sua maneira de ser. Todos se sentiam bem perto dela e ela a todos acolhia com a mesma atenção e carinho, nunca rejeitando ninguém.
Empreendedora e corajosa, era ela que empurrava o meu pai para os projectos mais arrojados.
Era o seu porto seguro, mesmo nos momentos mais difíceis e houve muitos.
Sofreu imenso com a doença que viria a vitimá-la, mas não tinha por hábito queixar-se muito. Apesar do sofrimento, que, calculo, fosse imenso, continuou a trabalhar e a contribuir grandemente para o orçamento familiar. Até que, com apenas 46 anos, deixou de sofrer em 7 de Agosto de 1981.
Avessa a conflitos, tal como seu pai, apaziguava os ânimos entre os membros da família, ocasionalmente, desavindos, tendo sempre um conselho amigo para os mais novos e, daí a predilecção dos seus sobrinhos, quer directos, quer por afinidade.
Era admirada e respeitada por todos!
Participou nos Movimentos Operários Católicos, na JOC e na LOC, organizações cívicas de referência antes do 25 de Abril.
Apesar de pouco instruída, tinha apenas a 4ª Classe, era uma pessoa extremamente culta, já que tinha herdado muitos dos conhecimentos do seu pai.
Abandonou os Lanifícios, mas dedicou-se às Malhas, sendo o pilar da micro empresa familiar que criou com o marido. Era ela o suporte logístico da empresa e o seu empreendorismo levava-a a procurar sempre novos modelos para estar actualizada e na vanguarda da tecnologia do sector.
Lembro-me que foi ela que convenceu o meu pai a comprar uma máquina tecnologicamente avançada para fazer "Jacard" a partir de cartões picotados. Chegou a criar padrões próprios, no sentido de tornar os seu produtos mais concorrenciais.
Para além destas qualidades... era uma cozinheira, como havia poucas!
Com ela aprendi a cozinhar... a tecer... a ler... a sentir... a pensar...
O que hoje sou, como pessoa, mais do que ao meu pai, devo a ela.
Estávamos sempre muito mais próximos, ela costumava dizer que eu não precisava falar, porque ela adivinhava o que eu pensava e sentia...
Era assim a minha mãe! A melhor mãe do mundo!
Onde estiveres... parabéns pelo teu aniversário!